Notícia

Inibição da função do colágeno XVIII enfraquece células cancerígenas

Fonte

Universidade de Oulu

Data

quarta-feira, 25 outubro 2023 19:10

Áreas

Biologia. Biomarcadores. Biomedicina, Biotecnologia. Câncer de Mama. Células-tronco. Microbiologia. Oncologia. Saúde da Mulher. Saúde Pública.

Pesquisadores da Universidade de Oulu, na Finlândia, fizeram uma descoberta inovadora na pesquisa do câncer de mama. Eles demonstraram que a proteína da matriz extracelular colágeno XVIII promove significativamente a progressão e metástase do câncer de mama. Além disso, eles mostraram que a inibição da função deste colágeno melhora a eficiência de certas terapias direcionadas comumente usadas para o câncer de mama. As descobertas são significativas, pois podem levar ao desenvolvimento de medicamentos contra o câncer mais eficazes e inteiramente novos.

A pesquisa foi publicada recentemente na revista científica The Journal of Clinical Investigation.

A matriz extracelular consiste em proteínas e carboidratos produzidos pelas células e regula o comportamento e a função celular. Nos tecidos cancerosos, sabe-se que a matriz extracelular controla o crescimento e a metástase do câncer, bem como a resposta ao tratamento e a resistência aos medicamentos.

Os colágenos são as proteínas mais comuns na matriz extracelular, com 28 tipos diferentes conhecidos em humanos. O colágeno XVIII está presente na membrana basal, uma forma especializada da matriz extracelular. A membrana basal é uma matriz fina em forma de folha onde as células aderem e que regula a divisão, movimento e diferenciação celular.

A inibição da função do colágeno aumenta a eficácia dos medicamentos contra o câncer

Ao estudar colágenos em camundongos e modelos celulares de câncer de mama, os pesquisadores descobriram que o colágeno XVIII regula a sinalização de certos receptores de fatores de crescimento nas células cancerígenas. Não se sabia anteriormente que os colágenos funcionavam dessa maneira.

“Identificamos um mecanismo de ação completamente novo para o colágeno XVIII. Demonstramos que ele regula a sinalização do receptor do fator de crescimento epidérmico em células cancerígenas. A inibição do colágeno XVIII aumentou significativamente a eficácia de medicamentos que visam especificamente esses receptores, como o Herceptin, um medicamento estabelecido para câncer de mama humano”, comentou o Dr. Raman Devarajan, pesquisador principal do estudo.

Além disso, os pesquisadores demonstraram que o colágeno XVIII apoia as características das células estaminais cancerígenas. As células-tronco cancerígenas sustentam o crescimento e a metástase das células cancerígenas e são mais resistentes aos medicamentos e à radiação do que outras células cancerígenas. “Descobrimos que ao inibir o colágeno XVIII podemos até reverter a resistência aos medicamentos”, continuou o Dr. Raman Devarajan.

Colágeno como novo marcador para câncer de mama

Em seguida, foi investigada a expressão do colágeno XVIII em mais de 700 amostras de câncer de mama humano, em colaboração com pesquisadores da Universidade de Umeå e Universidade de Uppsala, ambas na Suécia, utilizando bases de dados abertas de pacientes. Os pesquisadores descobriram que o aumento da produção de colágeno XVIII nas células do câncer de mama estava associado a um mau prognóstico para a doença. Níveis elevados de colágeno XVIII foram observados em amostras de tecido e sangue de pacientes com câncer de mama agressivo. Assim, o colágeno XVIII pode ser considerado um novo marcador para câncer de mama.

Esta pesquisa faz parte de um projeto de pesquisa mais amplo no qual os pesquisadores da Universidade de Oulu estão investigando o significado e as funções dos colágenos em indivíduos saudáveis e em várias doenças, incluindo câncer de mama, pulmão, pele e sangue.

“O nosso trabalho de longo prazo para compreender as funções destes colágenos no câncer está agora produzindo resultados significativos”, afirmou a Dra. Ritva Heljasvaara, professora que lidera o grupo de pesquisa da Faculdade de Bioquímica e Medicina Molecular de Oulu, em colaboração com a professora Dra. Taina Pihlajaniemi. “Sabe-se que vários colágenos promovem o câncer, mas seus mecanismos de ação detalhados são pouco compreendidos. Não foi relatado que os colágenos aumentem a sinalização do receptor do fator de crescimento epidérmico, que é ativado em vários tipos de cânceres diferentes”, explicou a Dra. Heljasvaara.

A equipa de pesquisa pretende investigar mais profundamente a interação entre o colágeno XVIII e os receptores do fator de crescimento, que é crucial para o desenvolvimento de novos medicamentos que perturbam a sinalização entre a matriz extracelular e as células cancerígenas.

Os resultados da pesquisa publicados são significativos e aumentam a compreensão do papel da matriz extracelular nos tumores cancerígenos e das complexas interações entre a matriz extracelular e os receptores do fator de crescimento. Eles sugerem que o direcionamento da matriz extracelular poderia ter relevância clínica importante, especialmente quando os medicamentos convencionais por si só não são eficazes.

Acesse o artigo científico completo (em inglês).

Acesse a notícia completa na página da Universidade de Oulu (em inglês).

Fonte: Universidade de Oulu. Imagem: célula cancerígena gigante poliploide de câncer de mama triplo-negativo. Fonte: National Cancer Institute/NIH.

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