Notícia

Óleo de Copaíba impede infecção de causador da toxoplasmose nas células humanas

Cientistas da UFU, da USP e da Unifran publicaram estudo preliminar na revista “Scientific Reports”

Jonathan Wilkins via Wikimedia Commons

Fonte

UFU | Universidade Federal de Uberlândia

Data

quarta-feira, 30 setembro 2020 12:20

Áreas

Doenças Infecciosas. Farmacologia. Saúde Pública.

O Toxoplasma gondii, protozoário causador da toxoplasmose, percorre um longo caminho até infectar as células humanas: ele fica alojado nas fezes de felinos e pode chegar aos seres humanos por meio da ingestão de comida e água contaminadas. Uma das manifestações mais graves da doença acontece quando uma gestante desenvolve a doença e a transmite para o feto.

Por isso, pesquisadores estudaram a toxoplasmose congênita e descobriram que a oleorresina de algumas espécies de árvores do gênero Copaifera age como uma barreira para o ingresso do Toxoplasma gondii nas células da placenta. Essas árvores são abundantes no Brasil, principalmente na região da Amazônia. A descoberta foi publicada recentemente na revista Scientific Reports.

O artigo foi assinado por pesquisadores da Universidade de São Paulo (USP/Ribeirão Preto) e Universidade de Franca (Unifran), que ajudaram na coleta, caracterização e tratamento dos óleos das plantas utilizados no estudo. Na Universidade Federal de Uberlândia (UFU), os experimentos foram conduzidos no Laboratório de Imunofisiologia da Reprodução do Instituto de Ciência Biomédicas (ICBIM/UFU), sob a orientação e supervisão da professora Dra. Eloisa Ferro e do biólogo Dr. Samuel Cota Teixeira (bolsista de pós-doutorado da Capes) – ambos autores do artigo. A pesquisa teve financiamento da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes), Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Minas Gerais (FAPEMIG) e Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (FAPESP).

O quadro epidemiológico da Toxoplasmose no Brasil é expressivo. “A prevalência dessa doença é extremamente alta. No Brasil, costumamos falar que em uma sala com 10 indivíduos, cerca de 6 a 7 são infectados pelo Toxoplasma gondii. A maioria dos infectados não manifesta sinais clínicos que remetem a essa infecção. O grande problema da toxoplasmose acontece quando ela é desenvolvida em indivíduos imunocomprometidos ou em gestantes”, destacou o Dr. Samuel Teixeira.

As consequências da toxoplasmose na gestação

Segundo o Ministério da Saúde, a ocorrência dessa zoonose em gestantes pode causar aborto, ou nascimento de criança com icterícia, macrocefalia, microcefalia e crises convulsivas. Além disso, o Dr. Samuel Teixeira destacou que a toxoplasmose congênita prejudica a saúde antes mesmo do nascimento.

“Quando o médico detecta que a gestante tem a infecção, mas o feto ainda não foi atingido, é feita a prescrição de um medicamento antiparasitário que é efetivo apenas para ela. Entretanto, quando ambos são infectados, o tratamento é feito com a combinação de três drogas que trazem efeitos colaterais para os dois: se o tratamento é aplicado no primeiro trimestre, a criança em formação pode sofrer mutações e existe a possibilidade de problemas gastrointestinais na gestante, por exemplo”, explicou o pesquisador.

É por essas razões que o abandono do tratamento é muito comum. Além disso, a resistência dos parasitos às medicações padronizadas tem aumentado, segundo o biólogo. Logo, a efetividade dos fármacos pode diminuir com o tempo.

A inovação da pesquisa

Os cientistas aplicaram a oleorresina de diferentes espécies de copaifera em cultura de células e em placentas com a presença do Toxoplasma gondii. Cabe destacar que esse material biológico foi coletado no Hospital de Clínicas da UFU com a autorização das pacientes.

“Nós observamos que as oleorresinas das diferentes espécies apresentaram uma ação extremamente importante ao passo de inibir a infecção pelo Toxoplasma gondii. Muitas vezes, a ação da oleorresina foi até mesmo melhor comparada às drogas clássicas. Essa ação antiparasitária se dá de duas formas: ação direta contra o parasito intracelular e também pela ligação com as células, fazendo que elas fiquem mais fortes e consigam combater melhor a infecção”, informou o Dr. Samuel Teixeira.

Esse é um estudo inicial. Ainda não é possível dizer que o óleo de copaíba seja eficaz no tratamento da Toxoplasmose em seres humanos, porém, essa descoberta será aprimorada e, dependendo dos resultados, poderá ajudar os médicos na prática clínica. “A oleorresina é rica em princípios ativos, mas ainda não sabemos exatamente as substância que estão levando ao controle da infecção do parasito. Então, o próximo passo é e avaliar e determinar os princípios ativos anti Toxoplasma gondii, e aumentar os estudos saindo da parte in vitro e tentando levar para modelos in vivo, como camundongos”, concluiu o cientista.

Acesse o artigo científico completo (em inglês).

Acesse a notícia completa na página do Portal Comunica UFU.

Fonte: Jhonatan Dias, Portal Comunica UFU. Imagem: Jonathan Wilkins via Wikimedia Commons.

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