Notícia

Uma super cola biológica produzida a partir de bagas de visco, a ‘erva-de-passarinho’?

Fonte

Universidade McGill

Data

sábado, 18 junho 2022 11:50

Áreas

Biologia. Bioquímica. Biotecnologia. Botânica. Ciência dos Materiais. Fitoterapia. Química Medicinal.

Cada baga de visco (ou erva-de-passarinho) pode produzir até dois metros de um fio viscoso chamado viscina. Ele permite que as sementes desta planta parasita grudem e infectem as plantas hospedeiras. Desde os tempos antigos, as bagas de visco têm sido exploradas como tratamentos para tudo, desde infertilidade e epilepsia até câncer. Mas, até agora, ninguém investigou completamente os potenciais usos médicos ou técnicos do material.

Recentemente, um estudo da Universidade McGill, no Canadá, e do Instituto Max Planck de Coloides e Interfaces, na Alemanha, publicado na revista científica PNAS Nexus, sugere que, através de um processamento simples, as fibras da viscina, que aderem tanto à pele e à cartilagem como a vários materiais sintéticos, podem ter uma ampla gama de aplicações, incluindo aplicações biomédicas.

É uma descoberta que surgiu quase por acaso. “Eu nunca tinha visto o visco antes de morar na Alemanha”, disse o Dr. Matthew Harrington, autor sênior do artigo e professor do Departamento de Química da Universidade McGill e especialista em Química Verde. “Então, quando minha filha estava brincando com uma baga de um visco que compramos em um mercado local, e começou a grudar em tudo, fiquei intrigado.” Isso é compreensível, pois a pesquisa do Dr. Harrington se concentra na exploração de materiais e adesivos encontrados na natureza e na adaptação dos princípios subjacentes ao desenvolvimento de materiais bioinspirados avançados.

Uma planta com qualidades muito incomuns

Os pesquisadores descobriram que, por meio de um processamento simples, as fibras de viscina, que aderem a si mesmas e a outros materiais, podem ser esticadas em filmes finos ou montadas em estruturas 3D. Eles acreditam que isso significa que a viscina possa ser usada como selante de feridas ou cobertura da pele. O que torna as fibras flexíveis de viscina tão interessantes como material é que sua capacidade de adesão é totalmente reversível em condições úmidas.

“Usei um filme fino de viscina na minha pele por três dias para observar suas qualidades adesivas e consegui removê-lo dos meus dedos depois simplesmente esfregando-os”, disse Nils Horbelt, doutorando no Instituto Max Planck e primeiro autor do artigo. “Mas ainda restam muitas dúvidas sobre esse material muito incomum”.

Os próximos objetivos dos pesquisadores são obter uma melhor compreensão da química por trás desse material extremamente pegajoso para que eles possam replicar o processo.

“O fato de a viscina poder aderir tanto à madeira quanto à pele pode ser relevante evolutivamente falando”, acrescentou o Dr. Harrington. “Mas é mais difícil explicar a aderência a várias superfícies sintéticas, como plásticos, vidro e ligas metálicas, do ponto de vista adaptativo. Portanto, a viscina pode simplesmente representar uma química de adesão altamente versátil, o que torna tão interessante explorar o que está acontecendo quimicamente”.

Dadas as excelentes propriedades da viscina do visco e o fato de que as plantas são abundantes, biodegradáveis ​​e biorrenováveis, essas descobertas sugerem que essa planta notável pode fornecer mais do que ornamentação no futuro.

Acesse o artigo científico completo (em inglês).

Acesse a notícia completa na página da Universidade McGill (em inglês).

Fonte: Katherine Gombay, Universidade McGill. Imagem: visco ou erva-de-passarinho. Fonte: Divulgação, Universidade McGill.

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