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Deficiência de zinco: novo teste de urina pode fazer diagnóstico mais preciso

Pesquisadores do Imperial College de Londres desenvolveram novo teste de urina que busca identificar deficiência de zinco com mais precisão

Divulgação, Imperial College de Londres

Fonte

Imperial College de Londres

Data

terça-feira, 10 setembro 2019 11:00

Áreas

Alimentos e Alimentação. Diagnóstico. Biomedicina.

Pesquisadores do Imperial College de Londres, no Reino Unido, desenvolveram um novo teste de urina que busca “impressões digitais químicas” para testes de zinco mais precisos. Essa nova abordagem, descrita em um artigo publicado na revista científica Metallomics, poderia fornecer testes mais específicos para alertar sobre a deficiência de zinco – principalmente nos países em desenvolvimento.

A seguir, estão reproduzidos trechos da entrevista da Dra. Rebekah Moore, professora do Departamento de Ciências da Terra e Engenharia e autora principal do estudo, concedida a Caroline Brogan, repórter do Imperial College.

O que é a deficiência de zinco?

Estima-se que 1,3 bilhão de pessoas, ou uma em cada seis da população mundial, possa estar sofrendo de deficiência de zinco. O zinco é um componente de muitas proteínas corporais, incluindo mais de 300 enzimas – por isso, desempenha um papel importante em todas as nossas células e afeta o crescimento, hormônios, sistema imunológico, cérebro e outros órgãos. A falta de zinco diminui a cicatrização de feridas e causa perda de apetite, queda de cabelo, problemas de fertilidade e suscetibilidade a infecções. Bebês deficientes em zinco correm um risco particular de infecções e comprometimento do crescimento.

Por que as pessoas ficam com deficiência de zinco?

Os especialistas recomendam uma ingestão diária de zinco entre 8 e 11 miligramas (mg). Não ingerir alimentos ricos em zinco (como carne, mariscos, legumes) é certamente parte do problema – mas o principal problema reside nas dietas baseadas principalmente em culturas de cereais, que são comuns nos países em desenvolvimento. As culturas de cereais contêm zinco que é “ligado” a compostos chamados fitatos. Os humanos não possuem as enzimas digestivas necessárias para romper as ligações entre o zinco e os fitatos, de modo que o zinco é excretado sem ser absorvido pelo organismo.

Por que é necessário um novo teste?

Atualmente, a deficiência de zinco é diagnosticada usando exames de sangue, urina e cabelo. No entanto, os testes são extremamente insensíveis, o que significa que eles perdem muitas deficiências, mesmo quando os sintomas estão presentes. Acreditamos que isso ocorre porque esses testes não procuram “conjuntos” de zinco específicos, mas capturam apenas um instantâneo das informações sobre a quantidade total de zinco corporal.

Qual a inovação do teste proposto?

O zinco existe em diferentes formas – conhecidas como isótopos – dependendo do número de partículas subatômicas – os nêutrons – que ele contêm. Como os testes atuais analisam apenas as quantidades totais de zinco, nos perguntamos se a detecção de isótopos de zinco poderia ajudar a encontrar indicadores mais específicos para tornar os testes mais robustos. Nossos corpos contêm quantidades variadas de cinco isótopos diferentes de zinco. Variações na quantidade de cada isótopo podem sinalizar mudanças na maneira como os processos biológicos funcionam – agindo como ‘impressões digitais químicas’. Diferentes isótopos de zinco ‘são ligados’, em quantidades variáveis, a diferentes elementos químicos (como oxigênio, nitrogênio e enxofre) no corpo. Esses elementos químicos são encontrados em nossas proteínas, de modo que diferentes proteínas serão “ligadas” a diferentes proporções de isótopos de zinco. Portanto, se as pessoas tiverem proporções diferentes dessas moléculas na corrente sanguínea, cada amostra de urina terá uma composição exclusiva de isótopos de zinco. Entender essa diferença é essencial para o desenvolvimento de um teste para a deficiência de zinco. Por isso, desenvolvemos um novo método que busca proporções das diferentes formas de zinco na urina.

Como o novo teste pode ajudar as pessoas com deficiência de zinco?

A maioria das pessoas com deficiência de zinco vive em países em desenvolvimento, onde o acesso a clínicas e cuidados de saúde pode ser limitado. Os testes de urina são mais fáceis de fazer do que os exames de sangue, porque as pessoas podem fazê-los mais facilmente sozinhas, não necessariamente em uma clinica. Esperamos que um diagnóstico mais preciso da deficiência de zinco leve as pessoas a ajustar sua dieta sempre que possível, incluindo o uso de suplementos de zinco, quando apropriado, antes que problemas graves de saúde se desenvolvam.

Acesse o resumo do artigo científico (em inglês).

Acesse a entrevista completa na página do Imperial College de Londres (em inglês).

Fonte: Caroline Brogan, Imperial College de Londres. Imagem: Divulgação, Imperial College de Londres.

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