Notícia

Endometriose: estudo aponta que doença poderia ser tratada com medicamento para o câncer

Fonte

Universidade de Edimburgo

Data

segunda-feira, 9 dezembro 2019 16:30

Áreas

Ginecologia. Saúde da Mulher.

Pesquisadores da Universidade de Edimburgo, no Reino Unido, descobriram que o uso de dicloroacetato para tratar as células de mulheres com endometriose reduziu a produção de lactato – um resíduo potencialmente perigoso – e interrompeu o crescimento anormal das células na endometriose. A doença – que afeta 176 milhões de mulheres em todo o mundo – é causada pelo crescimento de lesões compostas de tecido semelhante ao revestimento do útero em outras partes do corpo, como o revestimento da pelve e ovários.

Aliviando os sintomas

Os pesquisadores  descobriram que as células da parede pélvica de mulheres com endometriose têm metabolismo diferente em comparação às células das mulheres sem a doença. As células produziram quantidades maiores de lactato, semelhantes ao comportamento das células cancerígenas.

Quando as células de mulheres com endometriose foram tratadas com dicloroacetato, elas retornaram ao comportamento metabólico normal. Os cientistas também observaram uma redução no lactato e um impacto no crescimento de células endometriais.

Testes adicionais em um modelo de endometriose em ratos encontraram, após sete dias, uma redução acentuada nas concentrações de lactato e no tamanho das lesões.

“A endometriose pode ser uma condição de mudança de vida para muitas mulheres. Agora que entendemos melhor o metabolismo das células em mulheres com endometriose, podemos trabalhar para desenvolver um tratamento não hormonal. Através de um ensaio clínico com dicloroacetato, devemos ser capazes de ver se as condições que observamos no laboratório são replicadas em mulheres”, explicou o professor Dr. Andrew Horn, pesquisador líder do Centro para Saúde Reprodutiva da Universidade de Edimburgo.

Nova esperança

Os tratamentos atualmente disponíveis para endometriose são baseados em hormônios, que podem produzir efeitos colaterais desagradáveis, ou o tratamento cirúrgico, que na metade dos casos resulta em retorno de lesões após cinco anos.

Os pesquisadores acreditam que essas novas descobertas podem ajudar a aliviar a endometriose em mulheres que não podem – ou não desejam – fazer tratamentos hormonais ou prevenir a recorrência após a cirurgia. A equipe está conduzindo um ensaio clínico em fase inicial para confirmar suas descobertas.

“Mais de 176 milhões de mulheres sofrem de endometriose, muitas mulheres desconhecem a doença e o tratamento, que pode afetar a fertilidade, progrediu muito pouco há mais de 40 anos. É por isso que estamos tão empolgados com as descobertas desta pesquisa que a Wellbeing of Women ajudou a financiar e que poderiam servir de base para o primeiro novo tratamento não hormonal, oferecendo às mulheres uma opção de mudança de vida. Temos muita esperança que o novo estudo [clínico] do professor Andrew Horne possa impactar enormemente a vida de muitas mulheres”, concluiu a Dra. Janet Lindsay, CEO da instituição Wellbeing of Women, que ajuda a financiar a pesquisa.

O estudo foi publicado na revista científica Proceedings of the National Academy of Sciences.

Acesse o artigo científico completo (em inglês).

Acesse a notícia completa na página da Universidade de Edimburgo (em inglês).

Fonte: Universidade de Edimburgo. Imagem: Adaptado de Wikimedia Commons.

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