Notícia

Pesquisa avalia baixos níveis de antibióticos no sangue de pacientes sob tratamento da tuberculose em Manaus

Foram realizadas análises bioquímicas, moleculares e verificadas as concentrações dos remédios antituberculose nas amostras de sangue de 222 pacientes, com idades entre 18 e 87 anos

Érico Xavier, FAPEAM.

Fonte

FAPEAM | Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Amazonas

Data

segunda-feira, 29 abril 2019 11:50

Áreas

Bioquímica. Análises Clínicas. Farmacologia. Estudo Clínico.

Dependendo do alcance da concentração medicamentosa na corrente sanguínea de pessoas com tuberculose, a doença pode evoluir para a cura ou para uma resistência, e consequentemente, falha terapêutica. Pesquisa científica apoiada pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Amazonas (FAPEAM) buscou responder quais fatores estão relacionados aos diferentes níveis de medicamentos antituberculose encontrados no sangue de pacientes atendidos na Policlínica Cardoso Fontes, unidade de referência no diagnóstico e tratamento de pessoas acometidas por tuberculose, em Manaus.

De acordo com o coordenador do projeto, Dr. Igor Magalhães, no estudo foram abordados somente pacientes com tuberculose pulmonar considerados casos novos, ou seja, pacientes que nunca haviam tratado a doença.

O estudo foi desenvolvido na Faculdade de Ciências Farmacêuticas (FCF) e no Hospital Universitário Getúlio Vargas (HUGV), unidades pertencentes à Universidade Federal do Amazonas (UFAM), em parceria com a Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), por meio do Programa de Pesquisa para o SUS: Gestão Compartilhada em Saúde (PPSUS), da Chamada Pública Nº 001/2013.

Sobre a tuberculose

A tuberculose é uma doença infectocontagiosa causada principalmente pela bactéria Mycobacterium tuberculosis, sendo o pulmão o principal alvo da ação desse microrganismo. O quadro clínico clássico da tuberculose pulmonar inclui tosse persistente, com ou sem secreção, cansaço excessivo, falta de ar, febre baixa, mais comum à tarde, sudorese noturna, falta de apetite e perda de peso. 

Tratamento

O pesquisador explica que no Brasil o tratamento padrão para a tuberculose é medicamentoso, padronizado pelo Ministério da Saúde, e utiliza a combinação de quatro antibióticos: a isoniazida, a rifampicina, a pirazinamida e o etambutol, em uma terapia de, no mínimo, seis meses.

Segundo o Dr. Igor Magalhães, apesar da grande eficácia do esquema terapêutico, determinados pacientes não respondem adequadamente ao tratamento e ocorre o desenvolvimento de linhagens de microrganismos resistentes aos fármacos utilizados para combater a infecção pulmonar. Durante o estudo foi observado que, mesmo entre pacientes que tomaram um comprimido do mesmo medicamento e do mesmo lote, as concentrações desses fármacos no sangue podiam variar de uma pessoa para outra, o que comprometeria a eficiência da terapia.

“Neste contexto, diversos pesquisadores têm buscado entender os determinantes das baixas concentrações dos fármacos antituberculose, mesmo em pacientes submetidos ao tratamento supervisionado”, explicou. Identificar o efeito das concentrações medicamentosas na corrente sanguínea pode ajudar a individualizar a posologia para adequá-la às necessidades de cada paciente.

Controle Terapêutico

Com o intuito de contribuir para o correto entendimento das possíveis falhas terapêuticas, verificadas na região Amazônica, foram realizadas análises bioquímicas, moleculares e verificadas as concentrações dos remédios antituberculose encontradas nas amostras biológicas (sangue) de 222 pacientes, com idades entre 18 e 87 anos, diagnosticados com tuberculose pulmonar.

Resultados

O estudo apontou baixas concentrações dos fármacos antituberculose no sangue dos pacientes. De acordo com o pesquisador o resultado é mais expressivo para os medicamentos isoniazida e rifampicina, em que aproximadamente 60% dos pacientes apresentaram níveis de medicamentos considerados reduzidos.

Dentre as variáveis empregadas no estudo para explicar os resultados, houve significância estatística entre o uso de álcool (etilistas) e metabolizadores rápidos da enzima N-acetiltransferase 2 (NAT-2) e concentrações reduzidas de isoniazida.

O estudou mostrou a alta prevalência de indivíduos que fazem uso de álcool, mesmo sob tratamento da tuberculose. Dentre eles, boa parcela apresentou baixos níveis de isoniazida, um dos principais fármacos elencados para o tratamento da doença. O que alerta para a necessidade de orientação correta e acompanhamento terapêutico adequado para esses pacientes.

As baixas concentrações dos fármacos de primeira linha também foram relatadas em outros estudos realizados no mundo, por exemplo, na Holanda, Turquia, Indonésia e África do Sul, que podem sugerir a necessidade de reavaliação da faixa terapêutica tida como referência na literatura. No entanto, estudos adicionais devem ser realizados para avaliar o impacto da farmacogenética nestes resultados, bem como investigar a influência das baixas concentrações no desfecho do tratamento.

Acesse a notícia completa na página da FAPEAM.

Fonte: Helen de Melo, FAPEAM. Imagem: Érico Xavier, FAPEAM.

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