Notícia
Pesquisadores demonstram potencial para o primeiro medicamento para osteoartrite clinicamente bem-sucedido
Equipe de pesquisa desenvolveu uma nanopartícula carregada com siRNA MMP13 que se liga apenas à cartilagem danificada afetada por lesão na articulação
Getty Images
Fonte
Universidade Vanderbilt
Data
sexta-feira, 3 setembro 2021 08:40
Áreas
Farmacologia. Ortopedia.
A osteoartrite pós-traumática – causada pela degradação da cartilagem que protege as extremidades dos ossos nas articulações – ocorre após uma lesão na articulação. Com o conhecimento de que a osteoartrite pós-traumática levará ao início precoce e à progressão mais rápida da osteoartrite após uma lesão, pesquisadores começaram a desenvolver um medicamento para a prevenção do início e progressão da osteoartrite pós-traumática.
A proteína codificadora do gene MMP13 é responsável pela degradação da cartilagem, mas os pesquisadores ainda precisam desenvolver uma terapia para inibi-la que não tenha efeitos colaterais adversos. O Dr. Craig Duvall, professor de Engenharia Biomédica da Universidade Vanderbilt, nos Estados Unidos, e sua equipe de pesquisadores, incluindo o ex-aluno de pós-graduação Sean Bedingfield e o atual aluno de pós-graduação Juan Colazo, foram capazes de superar esse desafio desenvolvendo drogas baseadas em RNA interferente conhecidas como siRNAs.
“Ao usar uma abordagem baseada em siRNA, estamos visando o mRNA, o intermediário entre o DNA genômico e a proteína funcional que é produzida”, disse o Dr. Duvall. “Como cada sequência de gene é única, é mais fácil direcionar seletivamente e bloquear a tradução de uma proteína específica usando essa classe de drogas. E optamos por utilizar esta estratégia terapêutica contra o MMP13 usando uma injeção local diretamente na articulação lesada”.
A equipe desenvolveu uma nanopartícula carregada com o siRNA MMP13 que se liga apenas à cartilagem danificada afetada por lesão na articulação. Esta nanopartícula direcionada, quando injetada localmente, permanece na articulação por mais tempo para combater melhor os danos iniciais da cartilagem, disse o Dr. Craig Duvall. Esta abordagem de direcionamento também ajuda a reduzir ainda mais os potenciais efeitos indesejáveis em outras partes do corpo.
Expandindo este trabalho, o grupo usou “pacotes” de nanopartículas para entregar de forma sustentável o siRNA às células na articulação ao longo do tempo após o tratamento. Com essa técnica, uma única injeção durou pelo menos um mês e reduziu a perda de cartilagem e esporões ósseos – conhecidos por serem os principais causadores de fortes dores nas articulações que, em última instância, fazem com que os pacientes busquem a substituição completa da articulação.
Lesões causadoras de osteoartrite pós-traumática são mais comuns entre jovens atletas, e a osteoartrite afeta mais de 25% das pessoas com mais de 45 anos nos Estados Unidos. Tratamentos atuais, como injeções de corticosteroides nas articulações, administram a dor de curto prazo, mas podem piorar a perda de cartilagem quando usados em terapia contínua, destacou o Dr. Duvall.
“Comparações diretas com o tratamento com o padrão clínico atual – com esteroides – mostraram que o silenciamento do MMP13 com as nanopartículas direcionadas teve efeitos significativos na redução da degeneração articular em relação às injeções de esteroides. Isso indica que esta abordagem tem potencial para ser desenvolvida como o primeiro medicamento para osteoartrite modificador da doença disponível clinicamente”, ressaltou o Dr. Craig Duvall.
Além de melhorar a qualidade de vida, essa nova terapia também tem a oportunidade de diminuir os custos de saúde associados ao tratamento entre as pessoas afetadas pela doença.
Os resultados foram publicados na revista científica Nature Biomedical Engineering.
Próximos passos
“Gostaríamos de continuar a explorar nanopartículas bioadesivas que são mais simples e escaláveis de produzir e que duram mais. Também gostaríamos de mostrar a segurança e eficácia em modelos maiores como uma preparação para a aplicação de longo prazo de terapias de siRNA de MMP13 em pacientes”, concluiu o Dr. Craig Duvall.
Acesse o resumo do artigo científico (em inglês).
Acesse a notícia completa na página da Universidade Vanderbilt (em inglês).
Fonte: Marissa Shapiro, Universidade Vanderbilt. Imagem: Getty Images.
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