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Paracetamol durante a gravidez pode estar associado a riscos elevados de autismo e TDAH

Estudo que analisou amostras de sangue do cordão umbilical descobriu que recém-nascidos com maior exposição ao acetaminofeno tinham cerca de três vezes mais chances de serem diagnosticados com TDAH ou transtorno do espectro do autismo na infância

Freepik

Fonte

Universidade Johns Hopkins

Data

quinta-feira, 7 novembro 2019 08:20

Áreas

Biomarcadores. Saúde Pública. Farmacologia.

Um novo estudo de pesquisadores da Escola de Saúde Pública da Universidade Johns Hopkins, nos Estados Unidos, descobriu que a exposição ao acetaminofeno no útero pode aumentar o risco de uma criança sofrer de déficit de atenção com hiperatividade ou transtorno do espectro do autismo.

Os pesquisadores analisaram dados do Boston Birth Cohort, um estudo de 20 anos sobre fatores que influenciam a gravidez e o desenvolvimento infantil. Eles descobriram que crianças cujas amostras de sangue do cordão umbilical continham os mais altos níveis de acetaminofeno – o nome genérico do medicamento Tylenol – tinham aproximadamente três vezes mais chances de serem diagnosticadas com TDAH ou transtorno do espectro do autismo mais tarde na infância, em comparação com crianças com os níveis mais baixos de acetaminofeno no sangue do cordão umbilical. As descobertas foram publicadas na revista científica JAMA Psychiatry.

Estudos anteriores descobriram uma associação entre o uso materno de acetaminofeno durante a gravidez e o aumento dos riscos de resultados adversos na infância, incluindo distúrbios no desenvolvimento neurológico, como o TDAH – marcado por hiperatividade e dificuldade em prestar atenção ou controlar o comportamento impulsivo – e o transtorno do espectro do autismo, um complexo distúrbio do desenvolvimento que pode afetar o modo como a pessoa se socializa, se comunica e se comporta. Como esses estudos se basearam nas mães que relataram uso de acetaminofeno, os críticos disseram que os resultados podem ter sido afetados pelo viés de recordação ou pela falta de uma medida objetiva da exposição intra-útero. Como resultado, a agência reguladoraFDA dos EUA se absteve de fazer recomendações sobre o uso de acetaminofeno durante a gravidez.

“As pessoas em geral acreditam que o Tylenol pode ser usado com segurança para dores de cabeça, febre e dores “, diz a Dra.  Xiaobin Wang, professora do Departamento de População, Família e Saúde Reprodutiva da Universidade Johns Hopkins e autora principal do estudo. “Nosso estudo apóia ainda mais as preocupações levantadas por estudos anteriores – que há uma ligação entre o uso de Tylenol durante a gravidez e o aumento do risco de autismo ou TDAH”, realça a pesquisadora.

Para o estudo, a equipe mediu os biomarcadores do acetaminofeno e dois de seus subprodutos metabólicos em amostras de sangue do cordão umbilical de 996 nascimentos individuais. Cada amostra analisada continha algum nível de acetaminofeno – confirmando o amplo uso da droga durante a gravidez, trabalho de parto e parto. Os pesquisadores então dividiram as crianças do estudo em três grupos, com base na quantidade de acetaminofeno e seus metabólitos presentes nas amostras de sangue do cordão umbilical.

Comparadas ao grupo com a menor quantidade de exposição ao acetaminofeno, as crianças do terceiro grupo tinham cerca de 2,26 vezes mais chances de ter um diagnóstico de TDAH e 2,14 vezes mais chances de ter um diagnóstico de transtorno do espectro do autismo. Aqueles com os níveis mais altos de exposição foram associados a 2,86 vezes o risco de TDAH e 3,62 vezes o risco de transtorno do espectro do autismo, em comparação com aqueles com a menor exposição.

Os pesquisadores descobriram associações consistentes entre a droga e os distúrbios em vários outros fatores que se correlacionam com o diagnóstico de TDAH e transtorno do espectro do autismo, como IMC materno, parto prematuro, sexo do bebê e relatos de estressores maternos e uso de substâncias.

Acesse o resumo do artigo científico (em inglês).

Acesse a notícia completa na página da Universidade Johns Hopkins (em inglês).

Fonte: Divisão de Comunicação, Universidade Johns Hopkins. Imagem: Freepik.

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